quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Marcando a linha d’água

Seguindo a aplicação de diferentes tintas epóxis para proteção anti corrosiva e massas epóxis para correção de imperfeições, muitas e muitas lixas,  chegou a tão esperada hora de iniciarmos a aplicação das tintas de acabamento.  Com todo casco com uma pintura homogênea partimos novamente para dois tratamentos distintos, e para isto aplicação de tintas específicas. Tintas Poliuretanas acima da linha d’água e alquídicas, que são as anti-incrustantes, abaixo da linha d’água.
E para isto o mais necessário: definir a linha d’água.
Nosso barco tem internamente, marcações em todas as cavernas da linha d’água projetada, marcações estas que foram feitas quando o casco ainda estava sendo construído, emborcado e devidamente nivelado no picadeiro, seguindo as medidas fornecidas no projeto, caverna por caverna.
Então agora com o casco pronto, na posição correta, como transferir estes pontos de dentro para fora?... e mais um detalhe importante, fazer isto bem feito para que tenhamos a maior chance de acerto possível, aliás em toda a construção do barco estamos sempre trabalhando com isto, mesmo assim sabemos que temos chances desta linha d’água estar errada, uma vez que fizemos algumas alterações no projeto, mas é o nosso ponto de partida.
O mais fácil seria com o barco pronto (interior, mastreação, tanques, etc... pois é ainda este etc...), colocá-lo na água e deixar que a própria água marcasse a linha, mas como ainda vamos levar muito tempo para ter o barco pronto, e precisamos colocar o barco na água para então, aos poucos darmos continuidade à construção, precisamos determinar a linha d’água e no momento é esta a referência que possuímos.
 Com um nível laser, dentro do barco, bem na popa, fomos  levantando a popa do barco, com carreta e tudo, utilizando dois macacos hidráulicos, até que o laser atingisse todos os pontos da linha d’água marcados em cada caverna simultaneamente. Com isto ficamos com o barco nivelado, e com uma mangueira transparente cheia d’água, saindo pelo furo do ecobatimêtro, fizemos a transferência da marcação da linha d’água de dentro para fora do barco. A Maxi não estava habituada com este tipo de marcação então o marceneiro Vani que estava trabalhando no barco ao lado, percebeu isso e a ajudou bem sorridente. Teve também o auxílio no dia seguinte de dois rádios portáteis que o veleiro Entre Pólos nos emprestou, pois gritar de dentro do barco com todo o barulho externo em volta não estava dando muito certo e a Maxi depois que aprendeu a fazer a marcação não escutava na hora que eu falava “marca”, olha o nível da água...
Após termos marcado no costado todos estes pontos, de caverna em caverna, por bombordo e boreste esperamos o anoitecer, e com o nível laser, fixado num tripé de máquina fotográfica e  posicionado no lado de fora do barco a uns 10m de distância, transversalmente ao barco, projetamos a linha de nível do laser no costado do barco, até que atingisse todos os pontos, primeiro boreste e depois o mesmo procedimento por bombordo, conferimos se todos os pontos marcados estavam coerentes. Para nossa surpresa a diferença de alinhamento foi mínima, chegou no máximo a 1cm.
O Cadu e a Camila do veleiro Cutiatá estiveram algumas horas à noite conosco, ajudando a segurar lanterna, trouxeram um lanche e tiveram paciência de ficar até 1h da manhã acordados olhando para o traço vermelho do laser e aguardando o resultado daquela noite, já que no outro dia posicionamos novamente o barco e marcamos todos os pontos para nova conferência.
 Aproximadamente 12 horas de marcação ao todo, mas muitas e muitas horas de pensamento até chegar a esta conclusão, ou seja, fácil explicar hoje como fizemos. Anteriormente já havíamos trocado idéias com diferentes pessoas de como fazer, mas nenhuma idéia sugerida nos satisfazia completamente, então juntando uma idéia daqui, outra dali, utilizando o nível laser do Daniel, o tripé da máquina fotográfica, e muitos outros detalhes, fomos pouco a pouco colocando em prática minha idéia e ajustando, improvisando e solucionando, até obtermos um resultado que nos satisfizesse e que nos convencesse de que estava correto.
Dias depois, de tudo já marcado recebemos a visita de Helga e Gerd, do veleiro Lizard que nos falaram que antigamente, quando não existia nível laser, na Europa utilizava-se no anoitecer a luz de uma lâmpada e um cabo esticado e riscava-se o casco através desta projeção da sombra do cabo no costado... bem conseguimos marcar com laser e esperemos que esteja realmente no lugar certo! Caso contrário o Felipe e sua equipe nos salvarão pintando novamente futuramente.
Pronto, a linha d’água estava marcada, pegamos um lápis e riscamos, com a ajuda de uma régua, sobre a linha vermelha projetada pelo nível a laser.
Fizemos isto nos dois bordos do barco.
No dia seguinte o Felipe já fez o isolamento com fita crepe e iniciou a preparação para primeira aplicação da tinta Poliuretana.
No domingo chegou a hora, fomos mais cedo que o normal para o clube, para providenciar tudo quanto necessário e acompanhar mais este passo a passo.
Pouco a pouco os costados do Arachane deixavam de ser opacos e se tornavam lisos e brilhantes.
Na semana seguinte os costados foram novamente lixados e corrigidos minuciosamente com massa em alguns locais necessários, para no final de semana seguinte receber a 2ª e última demão.









Então mais uma vez chegamos ao clube pegamos nosso chimarrão e duas cadeiras, sentamos à sombra levando máquina fotográfica, e fomos apreciar o show do Felipe, afinal é domingo e nosso lazer é acompanhar a construção. Como é bom olhar um trabalho destes e ver o resultado!

3 comentários:

  1. Feliz Natal família Arachane!!!Adoramos participar dessa etapa desse grande projeto "chamado Arachene" Saudade de vcs!

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  2. é possível que a linha d´agua seja mais para cima - entre o primeiro chine de proa e o bocal do eixo do leme. de qualquer maneira, belo trabalho realizado. valeu o esforço. bons ventos.

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