sábado, 2 de julho de 2011

Barco batizado – Veleiro Arachane querendo vir logo “para casa”

Em maio, após um ano de trabalho no estaleiro e muitas idas e vindas à Pelotas, iniciamos os preparativos para a grande travessia, a primeira do Arachane!
Com o barco em Pelotas, longe dos nossos olhos, é difícil lembrarmos do que precisaríamos para navegar até Porto Alegre, ainda mais com um barco que não está pronto, então listamos e conferimos várias vezes tudo o que precisávamos para a primeira navegada ... fomos cumprindo um certo cronograma de tarefas. Definimos a data 06 de maio/2011, combinamos com o Daniel e com o Marcelo (DM Náutica), com o Gigante (Veleiro Entre Pólos), e faltava ainda combinar com a previsão do tempo.
Bem todas as combinações deram muito certo!
A tripulação formada para a faina da montagem (Daniel, Marcelo e Dieter), foram antes, quinta-feira dia 05 de maio para preparar o barco. A preparação incluía a finalização da instalação do leme, quadrante, roda de leme dos cabos do quadrante, colocar o barco na água, teste do motor com uma pequena navegada para ajustes, e instalação elétrica, luzes de navegação e do interior, bomba de porão, instalação do plotter (que o Gigante nos emprestou), bússola, etc...
Por volta das 10h da manhã de quinta-feira o Arachane foi para a água, deu tudo certo o barco ficou muito bem trimado. Nenhuma infiltração de água, e logo em seguida saímos para o primeiro teste. O barco se comportou muito bem, o conjunto motor, hélice, casco ficou muito bem dimensionado. O barco respondeu muito bem aos comandos do leme, virando em seu próprio eixo.


 Logo voltamos ao estaleiro, pois ainda restavam muitas coisas a serem feitas para deixar tudo preparado para a grande travessia no dia seguinte.
Dividimos as tarefas, o Marcelo ficou responsável pelas instalações elétricas e dos eletrônicos, o Daniel se encarregou pelas pilastras, balaustrada e pelo nosso bimini fabricado com canos de PVC e lona. Eu me encarreguei pelas compras dos materiais necessários, e pela marcenaria do interior, toda feita em compensado de obra, aqueles cor de rosa, só faltou envernizar. Trabalhávamos com muito afinco, estávamos felizes, e num clima de muita alegria, pouco a pouco, fomos deixando o Arachane em condições de navegar.
Só que mais coisas surgiram e foram adaptadas para melhorar o conforto a bordo, pois cortamos madeiras de compensado de obra para paineiros e camas, instalamos um sanitário químico, improvisamos uma cobertura com lona e canos de PVC, para nos proteger do sol, do sereno e da chuva, guarda mancebos, painel de instrumentos, após todo o dia de trabalho ainda restava fazer compras no supermercado, embarcar as bagagens e descansar. A idéia inicial era de dormirmos já no barco, mas como teríamos uma boa navegada pela frente, aproximadamente 24h, optamos por dormir numa pousada no Laranjal e acordar bem descansados no próximo dia, deixando as compras e embarque das bagagens para o dia seguinte.
Fazendo o chek-in, na pousada, a recepcionista perguntou com cara de espanto onde estávamos trabalhando, nós três estávamos muito cansados, só podia, pois a alvorada havia sido às 4h da manhã, e até aquele instante não havíamos parado ainda. Tomamos um bom banho, jantamos e fomos dormir, pois o grande dia estava chegando.
Então na sexta-feira, dia 06 de maio/2011, fomos cedo para o estaleiro, deixei o Daniel e o Marcelo no barco para aprontarem os últimos detalhes e eu fui fazer as compras de mantimentos, gelo e óleo diesel. Quando cheguei ao estaleiro com as compras, logo em seguida o Gigante e a Cleuza chegaram de carro trazendo a Maxi e mais alguns equipamentos, e ítens necessários. Descarregamos o que ainda faltava do meu carro e do carro do Gigante e fomos abrir o champagne gelado para batizar o barco, e comemorar esse momento emocionante, com direito até a cocares, que a Maxi trouxe especialmente para esta ocasião.
Éramos os legítimos Arachanes e assim foi o primeiro batismo do Arachane, num clima de festejo, misturado com ansiedade que sempre antecede uma navegada, e a satisfação de ter concluído esta importante etapa.











 
Embarcamos nos despedimos dos amigos e iniciamos a navegação pelo Arroio Pelotas e Canal São Gonçalo às 10h.
 Tivemos um ótimo dia de sol com vento Sul para nos empurrar. O barco, quando entrou no Canal da Feitoria, já nos mostrou o seu jeito de navegar, num balanço firme, levantando a popa e correndo na onda. Tivemos uma previsão favorável “mar mexido”, mas o Arachane maravilhoso, nos enchendo de orgulho mostrando que quando estiver pronto vai ser muito bom.
Foi assim muito felizes, descontraídos na companhia do Daniel e do Marcelo que fizemos essa navegada de 23 horas até Porto Alegre.











Ao fundo primeira bóia sinalizando a entrada na Lagoa dos Patos, que com sua cor esverdeada e espuma branca, fazia parecer que estávamos navegando no mar.

Tivemos ótimo conforto, dormimos muito bem sempre com dois tripulantes no cokpit e dois descansando. Não temos piloto automático, o motor ainda não está isolado pela caixa acústica, mas nem isso foi problema, pois levamos protetores auriculares e o conforto a bordo ajudou a ter descanso. Foi a vez que atravessamos a Lagoa dos Patos em menos tempo até hoje, foi muito rápido! O barco navegava a 6, 7 nós e nas surfadas chegava a 8 nós. O Arachane quer ir denovo.

 












Café da manhã entrando no Guaíba ao amanhecer frio do outono!


 
Surpreendemos os amigos que nos esperavam, e chegamos antes do horário previsto. O Gigante pretendia nos recepcionar com o Entre Pólos, mas acompanhando pelo Spot, viu que não ia dar tempo. Acabou nos esperando no clube e nos fotografou. Minutos depois o Lidson, que também estava nos acompanhando pelo Spot, ligou falando que a gente chegou cedo e que era para nós esperar, que não era para irmos embora pra casa pois estavam organizando uma surpresa!
 Logo depois o João Marcelo e a Juliana chegaram pra conhecer o barco. Assim ganhamos um churrasco de boas vindas na chegada e reencontramos amigos que há tempos não víamos, foi tudo muito bacana!

Recebemos muitas visitas neste dia, todos queriam conhecer o já famoso Arachane! Não estávamos mais acostumados com tantas visitas e explicar várias vezes a mesma coisa, foi assim que nos lembramos que quando o Garoa chegou no clube também todos queriam ver o barco bem de perto. E hoje ainda nos divertimos nos lembrando das sugestões mais variadas e hilárias que recebemos, afinal cada um tem seu ponto de vista. O Garoa era um barco bem especial ainda mais que quando ele foi escolhido por nós precisava de muito carinho e muitas coisas a serem feitas para ficar pronto para navegar.

No mesmo dia, após o churrasco, reunimos alguns amigos, e saímos para um passeio com o barco.

Navegamos 23h, e após o churrasco a navegada de comemoração ao pôr do sol em homenagem ao Arachane

Amigos na navegada de comemoração, na foto Patrícia, Everton e Maximilia

No final de semana seguinte, o barco foi retirado d’água para evitar impregnação do casco com sujeiras, pois nosso casco está totalmente sem pintura, apenas galvanizado e esta sujeira poderá dificultar a aderência da tinta, quando for a hora de pintar. Por isto retiramos o barco d'água e lavamos todo ele com um lava jato com água quente.

Afinal de contas o barco ainda não está pronto, simplesmente mudamos de estaleiro.

Agora as obras serão executadas por diferentes profissionais e aqui em Porto Alegre, sob a nossa supervisão e administração, o que agilizará muito todo o processo construtivo do barco. No momento foram finalizados alguns serviços de solda e usinagem internamente, pelo Bugrão no Iate Clube Guaíba, também já foi instalada a gaiúta principal do barco e agora vamos aguardar uma boa previsão de tempo seco para iniciar a pintura interna. Não há pressa nesta construção, há cuidado para que cada ítem seja feito da melhor forma e como desejamos. O que nos deixa contente é que a obra está andando! A cada semana observamos a evolução, nossa planilha de ítens finalizados nos mostra isso.
Com o barco perto de nós podemos a qualquer momento verificar a viabilidade ou não de uma idéia, antes nós tínhamos a idéia e tínhamos que esperar até a próxima visita ao estaleiro para verificar a possibilidade de execução. A construção de um barco assim é totalmente personalizada. Todos os ítens, absolutamente todos estão sendo estudados, planejados, executados e supervisionados por nós, mas sempre contando com o apoio de diversos profissionais capacitados e experientes.